Objectivos da actividade: identificar as características e discutir o processo de identidade na adolescência.
Identidade na Adolescência |
O que nos foi proposto:
- Leitura individual, com elaboração de uma síntese dos textos disponibilizados (síntese essa que não será necessário colocar no Fórum A2, pois servirá apenas de base ao estudo individual) tendo em vista identificar um conjunto de ideias-chave expressas nos textos, até ao dia 01 de Maio;
- Apresentação e discussão das ideias-chave identificadas nos textos trabalhados no Fórum A2, moderado pelo Professor, entre os dias 02 a 08 de maio.
Os recursos base à actividade:
Participações no fórum 2
por Maria Lapa - Segunda, 2 Maio 2011, 23:18
Olá a todos:
A construção da identidade é um termo complexo, com várias visões, mas fundamental para que o individuo se defina enquanto pessoa, que reconheça os seus valores e que direcção (metas) estabelece para si (perspectiva de Erikson).
Erikson identifica os valores, as crenças e as metas que o individuo está comprometido como os factores determinantes para a criação da sua identidade.
Deste modo, a formação da identidade recebe a influência de factores intrapessoais (as capacidades inatas do indivíduo e as características adquiridas da personalidade), de factores interpessoais (identificações com outras pessoas) e de factores culturais (valores sociais a que uma pessoa está exposta, tanto globais como comunitários.
Existem de facto outros autores que se aproximam de Erikson, como o caso de Kimmel e Weiner que assumem o compromisso (criação da identidade) está relacionada por três atitudes: ideológica (valores e crenças), atitudes ocupacionais (objectivos educativos e profissionais) e atitudes interpessoais (orientações de influência das amizades e namoros). Também Márcia durante o seu estudo utilizou variáveis em análise como: questões profissionais, religião e politica.
No entanto, existem outros como Zacarés que entende que a preocupação com a identidade torna-se mais consciente pela maturação biológica, com o desenvolvimento cognitivo alcançado e com o reconhecimento de comportamentos mais responsáveis, também Bosma entende que só um funcionamento cognitivo adulto consegue tratar de questões abstracta como as escolhas profissionais e a filosofia de vida, os relacionamentos amorosos e estilos de vida.
Bom trabalho.
Lisete
por Maria Lapa - Terça, 3 Maio 2011, 01:02
Olá Manuel:
Apresentante no teu texto uma questão muito pertinente sobre um dos mais elementares factores da construção da identidade que é a questão da transmissão de valores claros que possam ser questionados para aceitação ou não e deste modo o assumir ou não do compromisso tão importante na construção da identidade.
Para além disso, foi salientado por vários autores que o processo de construção da identidade não finda na adolescência o que também me parece óbvio, mas se assim é, estes jovens adultos estão sujeitos a uma grande pressão provocada pela instabilidade do mercado de trabalho, por empregos cada vez mais a funcionar por objectivos, contratos a termo, portanto reflexo de grande instabilidade emocional e económica, arrastando a independência económica para mais tarde. Estes factores são amplamente influenciadores da auto-estima que causarão momentos de crise muito mais à frente, onde era suposto estar construída a identidade de um individuo.
A par disto ao longo do documento foram apresentadas outras questões preocupantes, por um lado, segundo Erikson (1972) compete gerações mais velhas a transmissão de valores sólidos sobre os quais o mais novos irão construir a sua identidade, no entanto, segundo alguns autores as sociedades ocidentais estão a promover valores e exigências confusas, dificultando a construção da identidade dos mais jovens, pelo facto, dos mesmos primeiros terem de descobrir que valores são esses para depois os questionar. Por outro lado, está a ocorrer uma diminuição das pressões sociais relativamente ao percurso a seguir na vida adulta, isto é, um descompromisso arrastando esse processo para mais tarde.
Assim, de que forma estes factores poderão perturbar a construção da identidade dos adolescentes? Será que passaremos por uma crise de construção de identidades? Como será a construção da identidade destes jovens com acesso a meios tecnológicos com visões e perspectivas cada vez mais alargadas, mas em contrapartida, sem apoio na sua formação de valores e apoiados no descomprometimento.
Bom trabalho.
Lisete
Lisete
por Maria Lapa - Domingo, 8 Maio 2011, 23:26
Olá a todos:
Tal como já referi anteriormente noutro post, a tecnologia claramente influência a construção da identidade,nomeadamente, nas relações onde os adolescentes encaram os espaços para relações de proximidade de projectos e ideias que vão encontro dos seus objectivos e da sua projecção.
No entanto, após muitas leituras que realizei, tenho sérias reservas relativamente aos comportamentos manifestados pelos adolescentes em ambientes virtuais e rede sociais, pois estes apresentam-se com perspectivas ou mesmo comportamentos bastante distantes daqueles que mantem no mundo real. Deste modo, os adolescentes substituem os seus verdadeiros interesses, com o que acreditam ser socialmente aceitável e transmitem isso mesmo nas relações que mantem virtualmente.
Concordo com o Jorge quando diz que os comportamentos dos adolescentes está relacionado com a necessidade de afirmação do eu, e julgo que é aqui, que a sua identidade poderá ser reforçada, pelos processos de satisfação ou não em conseguir dos resultados de integração e aceitação dos outros pois para eles toda a sua postura online está muito mais associada a desafios, mesmo que sejam num contexto de jogo.
Bom trabalho.
Lisete
por Maria Lapa - Quinta, 5 Maio 2011, 03:46
Olá boa noite:
Depois de analisar os diversos textos várias vezes relativamente à questão da construção da identidade e a sua relação com os media digitais levou-me a concluir algumas coisas mas em muitos aspectos, mas também surgiram, outras questões. Assim, e partindo do inicio em que a construção da identidade é influenciada por factores interpessoais, de factores interpessoais e de factores culturais, partindo da ideia que a construção da identidade é um processo contínuo, que representa um estado de afirmação do eu, mas que deverá ser confirmada pelos outros então existe fortes relações entre a construção da identidade e os medias digitais, nomeadamente, porque existe espaço para a flexibilização da identidade, assim como, o anonimato do adolescente que permitirá a sua libertação projectando a sua identidade através de manifestações, mas simultaneamente, propicia o estabelecimento de relações de proximidade de ideias e de pessoas. Exemplo disso é a criação de blogues como um espaço de linguagem acessível mas muito própria onde os mesmos colocam opiniões, partilham dos seus conteúdos, pela recriação de novos conteúdos divulgados na internet. Isto é, estes espaços virtuais concedem aos adolescentes a oportunidade de possuírem um espaço de diferenciação dos outros, uma marca, a sua projecção enquanto pessoas (o eu).
Para além disso, como disse a Natália são espaço propicios para que jovens mais inibidos façam pesquisas ou mesmo questionem no meio virtual sobre asssuntos que de outra forma teria dificuldades. Portanto o meio virtual potencia de alguma forma a identidade, pela construção ou pela afirmação desta.
Contudo, tenho algumas reservas sobre a relação dos meios digitais com a construção da identidade. De facto, os adolescentes apropriaram-se da linguagem digital, até mesmo na transmissão de emoções, não precisam mais da parte visual, utilizam símbolos para isso, mas a grande questão é: e se de facto os adolescentes utilizarem apenas este meio o meio virtual sobre a forma de representação, de que forma, isso poderá influenciar a sua identidade?
Lisete
por Maria Lapa - Sexta, 6 Maio 2011, 01:04
Boa noite:
A temática da identidade é muito complexa, mesmo a psicologia e a sociologia divergem nas opiniões do que é a identidade, do enquadramento dos comportamentos sendo por vezes até difícil identificar os factores que poderão influenciar a construção da identidade. É de facto um tema muito ambíguo e complexo.
Considero especialmente particular as potencialidades dos espaços virtuais, onde cada um se projecta ou se assume como gostaria de ser. Muitas vezes até a aparência física, os comportamentos, os sentimentos são ajustados ao grupo virtual. É por assim dizer a oportunidade de projecção virtual da sua identidade individual. Isto ocorre com frequência, mas tenho dúvidas, se estes comportamentos online poderão ser influenciadores na construção da sua identidade.
As interacções que estabeleçam poderão ocorrer de forma mais desinibida. Os alunos sentem desse modo liberdade para se expressarem e destas potencialidades virtuais, inserirem-se em grupos de trabalho, de amizade que mais se aproximavam dos seus projectos e ideias. Também o facto de poderem desenvolverem projectos motivadores influenciam a auto-estima, o desenvolvimento da autonomia, um maior equilíbrio emocional sendo estes meios promissores para o assumir de um compromisso.
Por sua vez, os perigos existentes na internet, poderão pelo contrário criar situações de afastamento das regras sociais, familiares e culturais transmitidas, poderão facilitar o isolamento e esses sim poderão influenciar a construção da identidade. Este afastamento, poderá reencaminhar o jovem para um plano de difusão. Concordo com alguns colegas quando reflectiram sobre o tipo de acompanhamento que as famílias, escola e sociedade em geral estão a fazer, não colocando restrições, não imprimindo regras sustentáveis e aceites pela sociedade e pelas famílias, pouco exigentes nas tomadas de decisões dificultando que os adolescentes desenvolvam a sua identidade dentro dos padrões do compromisso. Neste contexto a sociedade tem de ser explicita na transmissão dos valores, não descurando contudo a liberdade.
Bom trabalho.
Lisete
por Maria Lapa - Domingo, 8 Maio 2011, 16:28
Olá a todos:
Quando tentamos reflectir sobre as questões da importância do social na construção da identidade teremos obrigatoriamente que reflectir a fase da adolescência na sua base. Este é um período complexo na formação dos jovens, é uma fase de grandes questionamentos, uma fase de grandes conflitos interiores, conflitos com a família, questionamentos sociais e culturais e onde ocorrem grandes ajustamentos aos grupos de amizades.
Estes jovens estão inseridos numa comunidade, numa família, escolhem os grupos a quem querem pertencer, envolvem-se em comunidades virtuais, em redes sociais e dessa forma são expostos socialmente, pelas encruzilhadas que vão estabelecendo e pelos factores que se vão cruzando com eles, podendo os mesmos influenciar positiva ou negativamente a construção da sua identidade.
Os grupos de amizade
Em termos dos grupos (um dos aspectos muito importantes na construção da identidade são as amizades). No documento "A construção da identidade em adolescentes: um estudo exploratório, realça um aspecto que considerei particularmente interessante, o que Papalia e Olds (2000) os pares realmente exercem forte influência, mas em geral não "caem" num grupo de amigos , mas tendem a escolher amizades que sejam como eles próprios, influenciando-se mutuamente".
Deste modo, as amizades pelo nível de apoio emocional que se poderá estabelecer dentro do grupo, as experiências que os mesmos poderão desenvolver, se o mesmo espaço de amizade proporcionar um ambiente de independência dos seus pais, e ainda proporcionar-se relacionamentos amorosos, poder-se-á estabelecer relações de proximidade e consequentemente o desenvolvimento de comportamentos influenciadores da construção da identidade do individuo. Estes grupos são assim importantes espaços de encontros dos iguais no mundo dos diferentes num espaço livre expressão e de reestruturação da personalidade.
Os espaços online
As comunidades online são um dos mais recentes factores que influenciam a construção da identidade ou no minimo darão a oportunidade ao jovem de exprimir o que gostaria de ser. As oportunidades de criação, de expressão, de se ajustarem aos grupos, de se apresentarem como gostariam de ser poderão ser relevantes na construção do individuo, pela negativa como o caso do isolamento, da dependência dos locais, das depressões por estarem a vivenciarem virtualmente " um eu" que gostariam de ser mas difícil de conseguir na realidade; ou pela positiva, como os melhoramentos a nível de auto-confiança, auto-estima, desinibição. Todos estes aspectos positivos ou negativos serão muito relevantes na construção da identidade de um individuo.
A Família
A família representa um papel determinante na construção da identidade, pois o adolescente necessita de aprender a ser independente, a tomar decisões, dessa forma se no seio familiar existir um ambiente para a compreensão de que o adolescente precisa de construir a sua própria liberdade, escolher as suas amizades e o direito de preservar os seus sentimentos e a sua intimidade( isto não significa ignorar e deixar de acompanhar o mesmo adolescente) deixando-o encontar-se consigo mesmo, respeitando o seu espaço mas num principio de valores. Em contrapartida, fazer entender aos jovens adolescentes que enquanto pais e educadores os mesmos deverão respeitar o seu papel e as suas obrigações. A relação que a família estabelece é asism muito importante na construção da identidade e irá também influenciar a forma como o mesmo se relaciona com o exterior.
A Sociedade em geral
Os valores transmitidos pela comunidade onde o jovem está inserido são determinantes na construção da identidade. Deste modo, a forma como o jovem está inserido, convive, se relaciona com o grupo, família, amigos, vizinhos, meio escolar são determinantes na construção da sua identidade.
Portanto, a construção da identidade é pessoal e social, acontecendo de forma interactiva, através de trocas entre o indivíduo e o meio em que está inserido e a identidade não deve ser vista como algo estático e imutável. Tal como alguns autores partilho que só numa fase próxima à adulta o jovem terá maturidade para tomar decisões sobre questões mais abstractas, como questões relacionadas com a vida profissional, e sobre importantes decisões sobre a sua vida a seguir e partilho também da opinião de alguns autores que a identidade não se restringe apenas à fase da adolescência, mas sim ao longo da vida, pois existem muitos factores vivenciadas pela pessoa ao longo da sua vida em que a sua identidade será ajustada.
Bom trabalho.
Lisete Lapa
Lisete Lapa
Reflexão Final da Actividade
A actividade dois teve como objectivo identificar as características e discutir o processo da identidade na adolescência através da leitura de dois textos disponibilizados e com a elaboração em termos individuais de uma síntese. Posteriormente, e no fórum da actividade realizámos colaborativamente a discussão dos vários aspectos da identidade na adolescência.
Deste modo, pretendeu-se caracterizar a adolescência considerando as teorias do desenvolvimento de acordo com Erikson, mas também, nas várias fases das etapas da vida apresentadas por outros autores, tais como: Marcia e Matteson.
A adolescência é um período de grandes conflitos interiores e com a família, de fortes questionamentos sociais e culturais e onde ocorrem grandes ajustamentos a nível das amizades e de grupos. Deste modo, sendo a fase da vida mais complexa é um período com grandes reflexos na construção da identidade.
Em termos da adolescência e da construção da identidade social ao longo desta actividade fui percebendo que:
- A construção da identidade é influenciada por factores pessoais, interpessoais e culturais e que essa construção se desenvolve de forma contínua e ao longo da vida. Representa na verdade o estado de afirmação do “eu” enquanto indivíduo, mas também, quais os valores que o regem e que objectivos assume para si no contexto pessoal.
- A família apresenta-se como vital na construção da identidade do adolescente uma vez que compete à mesma, assumir papel de vigilante e de orientação, transmissora de princípios e valores e responsável por apoiar o jovem a crescer de forma independente, a tomar decisões e a construir a sua própria liberdade, ainda, que devam transmitir de forma clara que enquanto pais também possuem obrigações com a sua educação.
- O adolescente escolhe as suas amizades e grupos de acordo com os seus interesses e gostos, assim como, tende a aproximar-se daqueles que reflectem aquilo que gostaria de ser. Os amigos, os grupos e as relações que vão estabelecendo influenciam a construção da sua identidade uma vez que procuram nestes apoio emocional, um espaço de liberdade independente dos pais, e porque os mesmos juntos desenvolvem experiências que de outra forma não realizariam. Tal como referi num dos meus comentários estes grupos são assim importantes espaços de encontros dos iguais no mundo dos diferentes num espaço livre expressão e de reestruturação da personalidade.
- Os meios tecnológicos, nomeadamente os espaços online apresentam-se como excelentes oportunidades de criação, de expressão, de ajustamento dos grupos, permitindo mostrarem-se da forma que lhes é mais conveniente ou como gostariam de ser na realidade. São espaços com forte relevância em termos da criação de dependências, assim como, de melhoramentos a nível de auto-confiança e da auto-estima aspectos muito relevantes na construção da identidade de um individuo.
Em suma, os jovens inseridos numa família, numa comunidade e influenciados por factores culturais, em grupos e amizades que escolhem de acordo com os seus interesses e gostos - quer online ou off-line - com todos os factores positivos ou negativos; irão sofrer influências a nível do seu comportamento que se irão reflectir na construção da identidade social.